Queime antes de ler

Me recordo de ter visto no blog da Ana uma aritmética das notícias que continha num antigo curso de jornalismo. A analogia serve perfeitamente a cobertura ambiental nos jornais impressos soteropolitanos. Geralmente a matemática por aqui é a seguinte:

Educação Ambiental = O notícia

Desastre Ambiental = notícia de capa

Quase não se vê reportagens ambientais até que um desastre acontece, dependendo do desastre uma ou duas notinhas e está tudo certo. No máximo uma reportagem relatando como aconteceu o desastre. Uma cobertura completamente fora dos "padrões seguros de vó", que sempre avisa que é melhor prevenir do que remediar.

Na chamada do A tarde online e do Correio* nesta manhã, um dos destaques fica por conta de um incêndio ocorrido em Itaparica, que está destruindo mais de 600 hectares de Mata Atlântica. Uma verdadeira tragédia. Principalmente para os moradores da região, que juntamente com queima da mata perde saúde e qualidade de vida. Uma queimada desta proporção ocasiona sério desequilíbrio ambiental, podendo causar por exemplo descontrole da temperatura e infestação de alguns tipos de animais.

Mas nada disso a reportagem cita. Fica apenas subentendido que é ruim a queimada e ponto final. Os leitores tem a sensação que o incêndio em Itaparica é somente mais um desastre no qual ele não pode interfirir, e que fica longe demais para afetar significativamente sua vida.

O que falta aos jornais hoje em dia é lembrar que eles são feitos para os leitores. E que podem e devem indicar como agir e (por que não?) educar. Para mim a melhor informação é aquela que acrescenta algo ao leitor, aquela que transforma.